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07/06/2011 22:16

  

HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DO WING CHUN

Wing Chun (Ving Tsun) - eterna primavera

Há aproximadamente 300 anos...

... A China vivia uma era turbulenta. A Dinastia Ching ficou manchada por batalhas campais e muitas disputas enquanto o povo tentava se libertar do domínio dos Manchus. A prática do Kung Fu foi proibida para os cidadãos comuns e, aos poucos, a força das cidades estava sendo minada pelos opressores.

Enquanto isso, o monastério de Shaolin se tornava um refúgio secreto para pessoas que intentavam construir um exército para derrubar o governo Manchu. Os monges treinavam seus discípulos, mas demorava em torno de dez a quinze anos para formar um aluno preparado para o combate. Entretanto, devido ao grande número de baixas, e ao tempo de treinamento excessivamente longo dos estilos ensinados, os principais mestres do templo se reuniram para comparar suas técnicas, descartar as piores e criar um estilo que tivesse apenas o melhor de cada um, minimizando o tempo de aprendizado.

O suficiente para preparar um homem para a guerra em três meses!

 

 

O Estilo da Mulher

 

Surgiu então o Moy Fat Chuan (Estilo da Flor de Ameixeira) e, dentre os treze mestres, uma mulher foi a que mais se destacou na prática do estilo. Seu nome era Ng Mui (lê-se On Mui) e, conta a lenda, foi a pessoa que mais contribuiu para o desenvolvimento das técnicas.

Agora vejam que uma mulher chinesa da época possuía, em média, 1,40m de altura e em torno de 35 a 45 quilos. Fora que, fisiologicamente falando, o corpo feminino não tem uma estrutura projetada para realizar determinados esforços. Mulheres são projetadas para preservarem seus corpos, evitando riscos considerados “desnecessários” pelo seu organismo. Provavelmente foi esse mecanismo de defesa que levou Ng Mui a desenvolver uma técnica tão brilhante.

 

 

 

A Inveja de Um Homem

 

Quando tudo parecia estar se encaminhando para a vitória dos Hans, um dos discípulos tentava desesperadamente persuadir os mestres a ensinar-lhe o novo estilo. Eles, porém, recusaram o pedido de forma veemente. Revoltado, esse homem se torna um informante do governo Manchu, ajudando a arquitetar um plano para destruir o templo. O combinado foi que ele deveria envenenar a água da fonte que abastecia o templo para enfraquecer os monges e abrir as portas logo em seguida. Dito e feito! O exército Manchu invade o templo e ateia fogo em tudo que encontra, causando um grande incêndio.

Apesar das inúmeras perdas, cinco monges conseguem escapar. A história conta que eles seguiram caminhos diferentes, e entre eles estavam o abade Cheen Sin, abade Pak Mei (ou Pai Mei), mestre Fung To Tak, mestre Miu Hin, e a monja Ng Mui que se refugiou no Templo da Garça Branca, na região de Tai Leung.

 

  

 

 

 

Pausa para uma observação

 

Neste ponto a lenda sofre uma divergência entre as linhagens. Alguns acreditam que Ng Mui desenvolveu o estilo observando uma luta entre uma garça e uma serpente. Outros simplesmente negam a participação da mulher na criação do estilo, atribuindo a sua criação a um homem chamado Ng Tan Sao.

A linhagem Ip Man, que é a nossa linhagem, acredita e conta a história que se segue:

 


  

Uma Bela Jovem...

 

Mesmo refugiada no templo da Garça Branca, Ng Mui precisava ir às cidades próximas para comprar mantimentos. Em uma de suas viagens, ela encontrou um vendedor de vagens chamado Yin Yee, e passou a visitar sua loja com frequência.

Yin Yee tinha uma única filha, chamada Yin Wing Chun, uma jovem que possuía uma beleza fora do comum. Infelizmente, isso também era motivo para que muitos homens estivessem de olho na jovem, embora ela estivesse prometida em casamento ao filho de um negociante da região de Fukin.

O líder de uma gangue local, chamado Wong, era um dos que estava interessado em Yin Wing Chun. Ele sempre mexia com a moça na rua, e mesmo na presença de seu pai, o valentão não se intimidava, pois Yin Yee já era velho.

Decidido a conquistar a moça, Wong dá o ultimato: Se Yin Yee não lhe desse Wing Chun em casamento, ele viria tomá-la à força. Mas, como Wing Chun tinha apenas treze anos, ele disse que faria uma viagem e voltaria para buscá-la em três anos, quando estaria crescida e ainda mais atraente.

  

 

 

A Mulher Que Luta

 

Ora, naquela época questões desse tipo eram resolvidas com uma luta em praça pública, mas embora Yin Yee soubesse lutar, não tinha mais idade para isso e não possuía filhos homens que pudessem tomar o seu lugar no combate. Preocupado e sem ter pra onde correr, ele deposita suas esperanças na fama de Ng Mui, sua cliente que vinha dos templos e provavelmente conhecia alguma arte secreta.

Como boatos correm mais que o vento, Ng Mui logo ficou sabendo do que tinha acontecido, e se indignou com a ousadia de Wong. Não foi preciso que Yin Yee dissesse muitas palavras para que a monja aceitasse treinar a menina. Ng Mui levou Wing Chun para as montanhas de Tai Leung, onde dia e noite ela ensinava à jovem as técnicas da arte secreta que nunca fora antes usada, o Estilo da Flor de Ameixeira.

Ao final de três meses de treinamento, Wing Chun desceu novamente para a casa de seu pai, e mandou uma carta para Wong, dizendo que não era necessário esperar três anos. Ela o derrotaria nos próximos dias! Intrigado e ofendido, Wong volta para a cidade e aceita o desafio da menina, certo de que venceria. Mas a história prova que não foi bem isso que aconteceu.

 

 

 

Os Punhos de Wing Chun

 

No dia marcado, Wong e Wing Chun se enfrentaram em praça pública, como era costume, e embora ele fosse muito maior que a menina, isso não foi argumento perante a destreza com que ela lutou. O valentão foi humilhado pelas técnicas sutis e pelo corpo ágil de Wing Chun, sendo jogado para fora do tablado por um golpe de palma, que é considerado um ataque fraco.

A honra da família foi preservada, e Wing Chun continuou a treinar com Ng Mui. Anos mais tarde, ela se casou com o noivo a quem já tinha sido prometida, Leung Bok Toa, herdeiro de um comércio de sal.

O marido de Yin Wing Chun era um exímio praticante de um dos estilos clássicos que sobreviveram à repressão. Por isso, ele tinha o costume de treinar em casa, coisa que de vez em quando levava a uma briga de casal, já que Wing Chun teimava em dar conselhos ao marido de como melhorar suas técnicas.

Bem, naquela época a opinião da mulher não era uma coisa muito levada em conta, e nem se imaginava uma mulher lutando. Só que Wing Chun já tinha vencido um homem perigoso diante do povo, e isso intrigava a Leung Bok Toa. Decidido a testar sua mulher e resolver seus problemas dentro de casa, ele a convida para um treino livre de combate.

Para sua surpresa, Wing Chun levava vantagem sobre ele, não importava o que fizesse. Irritado, porém vencido, ele pede à esposa que lhe explique o seu segredo. Wing Chun transmite a técnica do Moy Fat Chuan a seu marido, que reconhece a superioridade do estilo.

Anos mais tarde, quando Wing Chun morreu, Leung Bok Toa decide peregrinar e troca o nome do estilo em homenagem à sua esposa. O Estilo da Flor de Ameixeira passa a se chamar “Wing Chun Kuen” (lê-se “Uín Tchun Kin”), que traduzido é: “Os Punhos de Wing Chun”.

Contato

MESTRE ALEXANDRO SIMÕES alexandro@kungfulfq.com